terça-feira, 8 de março de 2016

Meu amigo hindu


Cena inicial: Um homem com dor acorda no meio da noite. No consultório médico, acompanhado da mulher, escuta o médico dizer que possui três meses de vida e a única chance é tentar um transplante de medula nos Estados Unidos. Dentro do carro, ele salta no meio do caminho e sua mulher simplesmente vai embora. Parado em algum lugar de São Paulo, segue uma mulher com trajes que creio ser indianos, entra em sua casa e diz que irá morrer (neste momento você imagina que o menino hindu irá surgir). Ela o convida a rezar, em poucos segundos ele a despe e ela lhe faz sexo oral.

Sabem a história do menos é mais? Pois é isto que falta ao filme autobiográfico do diretor Héctor Babenco. Menos inglês, menos vulgaridade, menos mulheres objeto poderiam ter chegado um pouco mais perto do que o cartaz promete: um filme para emocionar.

Filmado parte no Brasil, parte nos Estados Unidos, por ter no papel principal o ator americano Willem Dafoe o restante do elenco brasileiro foi obrigado a utilizar o inglês. Os diálogos curtos e mecânicos tornaram tudo muito artificial. Faltou sal, açúcar e pimenta para levar ao publico a sentir dor, chorar ou até mesmo se manter acordado.

Mulheres se masturbam no banheiro, na parede, basta olhar para ele e ficarem nuas. Recordaram-me os antigos filmes brasileiros, aqueles que nem chegavam ao cinema devido à qualidade. E o sex appeal do personagem só colaborou em coloca-las como meros objetos no seu grande egocentrismo.

E o amigo hindu? Ah, é um menino que aparece no meio do filme jogando videogame. Como Héctor Diego está entediado durante o tratamento começa a inventar histórias para atrair a atenção do seu companheiro de sala, e aparentemente cria um mundo a parte para os dois. Mas não ocupa muito do filme, Selton Mello como um funcionário da morte aparece muito mais.

O filme gira tanto em volta do umbigo do cineasta (todos os demais são meros coadjuvante) , onde grosseria e palavrões brotam de sua boca para alfinetar, humilhar e se vangloriar que o filme se torna cansativo. 

Recomendo para quem só quer ir ao cinema para namorar.